laminar luminar
- rosto
no retrato = relação de um cerco (enquadramento) com uma abertura (olho) | uma
órbita e uma gaiola | o olhar é o rosto inteiro
“algo gira ao redor do olhar:
não basta que o retrato se organize ao redor de uma figura, esta também tem que
se organizar ao redor de um olhar, ao redor de sua visão ou de sua vidência. O
que vê o retrato? O que deve olhar? Aqui está, sem dúvida alguma, a entranha da
questão”.
- o
retrato, representação do rosto, captura _ põe em jogo toda a filosofia do
sujeito, segundo Nancy | põe a nu a estrutura do sujeito? desvelamento do eu
(um olhando o outro para desenhá-lo, dizê-lo)
-
produzir a exposição do sujeito, mais que representar: e como fazer isto para a
morte?
- “tirar
uma foto”: sacar para fora, conduzir adiante, extrair da morte? salvar?
- dar
um retrato aos mortos (à morte) para que eles (ela) nos veja a partir de lá? que
continue a nos ver, e assim, por reflexo (cruzamento de ohares, nossos e dos
mortos/da morte) nós continuemos a nos ver? Arte e representação como duração
e duração instintiva (o impulso criativo como compensação da consciência da
morte) e o retrato como uma espécie de garantia simbólica do nosso próprio
rosto/nossa existência. algo que nos concretize o impalpável da imagem de nunca
estarmos a nos ver, mas de nos provarmos vivos por sermos vistos, porque outros
nos veem, até depois da morte;
-
quando um rosto revela a nudez do corpo?
-
retratar (pensar no verbo no sentido de ‘desculpar-se’):
desculpar-se de que ofensa? Com quem nos desculpamos? O retrato é um
retratar-se?
-
tabu e captura: o retrato talvez abra um segredo
- dos
nossos objetos cotidianos, a fotografia é o único a habitar também o espaço da
morte (o cemitério, o santuário); há toda uma fronteira de objetos que
pertencem à morte e fazem parte dela: o retrato, a flor, a vela (com um impacto
mais dissolvido). Dentre todos, a fotografia é i que mais cabe neste espaço de ‘fronteira’,
entre vida-e-morte.
-
como o retrato na morte (no contexto dela) afeta os nossos demais retratos, os
que estão ‘fora’ dela? ao retrato se transfere uma força simbólica que faz dele
nosso semelhante, nosso duplo ‘concreto’, que nos adverte sobre nós mesmos e
(talvez) nos salve de nós mesmos? Daí o seu fascínio?
-
Derrida em “Fornecer o subjetivo”: fala numa identidade que desidentifica
sujeito e suporte; fotografia como rasura;
-
fotografias são ambíguas, são formas de entrar em contato com a
ambiguidade; negativo e positivo;
figura-e-fundo; velado e revelado; profundidade e superfície;
-
Hegel: a pintura é ponto de equilíbrio entre exterioridade e interioridade;
-
moeda nos olhos | moeda de Caronte: pagar a travessia fúnebre | os corvos da
barca | nigredo
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